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Comecei a escrever no momento em que percebi que só pensar não mais me satisfazia.

Precisava transbordar todo aquele pensamento que só ao meu universo de idéias pertencia.

Hoje, escrevo por pura necessidade, por irresistível vício e por agradável teimosia.




Claudia Pinelli Rêgo Fernandes ®



sexta-feira, outubro 29, 2004

Por onde anda "Eu"??


Desenho feito por Christian(França) Posted by Hello

Do baú

Alguém me disse 'Você anda sumida' e me dei conta de que era verdade.
Eu também, fazia tempo que não me via.

O que teria acontecido comigo? Não me encontrava nos lugares em que costumava ir.
Perguntava por mim e as pessoas diziam 'é verdade, você anda sumida'.

E 'Que fim levou você?'. Eu não tinha a menor idéia que fim tinha me levado.

A última vez em que me vira fora, deixa ver... Eu não me lembrava!

Eu teria morrido? Impossível, na última vez em que me vira eu estava bem. Não tinha, que eu soubesse, nenhum problema grave de saúde. E, mesmo, eu teria visto o convite para o meu enterro no jornal. O nome fatalmente me chamaria a atenção.

Eu podia ter mudado de cidade. Era isso. Podia ter ido para outro lugar, podia estar em outro lugar naquele momento.

Mas por que iria embora assim, sem dizer nada para ninguém, sem me despedir nem de mim? Sempre fomos tão ligadas.

No outro dia, fui a um lugar que eu costumava frequentar muito e perguntei se tinham me visto. Não era gente conhecida, precisei me descrever. Não foi difícil porque me usei como modelo.
'Eu sou uma pessoa, assim, como eu. Mesma altura, tudo.' Não tinham me visto. Que coisa...

Pensei: como é que alguém pode simplesmente desaparecer desse jeito?

Foi então que comecei, confesso, a pensar nas vantagens de estar sumida.

Não me encontrar em lugar algum me dava uma espécie de liberdade. Podia fazer o que bem entendesse, sem o risco de dar comigo e eu dizer 'Você, hein?'.
Mudei por completo de comportamento. Me tornei 'outra'! Que maravilha. Agora mesmo que me encontrasse, eu não me reconheceria.

Comecei a fazer coisas que até eu duvidaria, se fosse eu.

O que mais gostava de ouvir das pessoas espantadas com a minha mudança era: 'Nem parece você.' Claro que não parecia eu. Eu não era eu. Eu era outro! Passei a me exceder, embriagada pela minha nova liberdade. A verdade é que estar longe dos meus olhos me deixou fora de mim.
Ou fora do outro.
E, então, tive a revelação.

Claro, era isso. Eu não estava sumida. Eu simplesmente não me enxergava. Como podia me encontrar nos lugares onde me procurava se não me enxergava?

Todo aquele tempo eu estivera lá, presente, embaixo, por assim dizer, do meu nariz, e não me vira. Por um lado, fiquei aliviada. Eu estava viva e bem, não precisava me preocupar. Por outro lado, foi uma decepção. Concluí que não tem jeito, estamos sempre, irremediavelmente, conosco, mesmo quando pensamos ter nos livrado de nós.

A gente não desaparece. A gente às vezes só não se enxerga.

É muito decepcionante quando se chega, levado pela depressão, a uma conclusão como essa.

Fica claro que em certos momentos nem você próprio se enxerga.

E por outro lado, simbolicamente falando, você pode sim estar ali e não estar.

Estar presente e estar ausente ao mesmo tempo... Ser mais um na multidão. Ser só mais um.
Isso é triste. O "você" acaba se confundindo com o "eles". Mas eles quem?

E o pior, na minha opinião, é que em muitas dessas situações, é você mesmo que se apaga, você mesmo que se insere nesse contexto massificante e se perde por lá...

O segredo é saber se reencontrar e voltar. Rápido.

Esse texto representa muitas questões que estão se chocando em minha mente.

Por hoje basta.

Vejam essa letra :

Burned By the Fire We Make - Adrian Belew

And when Man gained dominion,
Over land and all oceans
He began to harm the planet,
with his asphalt and his toxins,
and to lay the forest bare,

Dand to poison even the air,
and to kill every beast,
and teach the seas how to bleed.

CHORUS:
Burned by the fire we make,
Burned by the fire we make,
Burned by the fire we make,
What a shame!

And the winds gave in,
and the rain knew no season,
and the sun beat down,
on a land of sand and diseases.

And when God looked down
on the Earth and saw it was broken,
then the tears of God
fell down through a hole in the ozone.

REFRAIN:
This is the nature of the human race,
To kill off anything that gets in our way,
Poor Mother Earth,
we've disfigured her face,
'Cause Man is the maker of his own disgrace.

Burned by the fire we make, what a shame.

Bjo.

Música : Adrian Belew - Burned by the fire we make.

quarta-feira, outubro 20, 2004

I am stretched on your grave


Lost soul Posted by Hello

Para manter o clima do DCD:

I Am Stretched On Your Grave

I am stretched on your grave
And will lie there forever
With your hands held in mine
I'd be sure we'd not sever
My apple tree my brightness
'Tis time we were together
For I smell of the earth
And am stained by the weather
When my family thinks
That I'm safe in my bed
From night until morning
I am stretched at your head
Calling out to the air
With tears both hot and wild
Oh I grieve for the girl
That I loved as a child
The priests and the friars
Behold me in dread
Because I still love you
My love and you're dead
I would still be your shelter
From rain and from storm
And with you in your cold grave
I cannot sleep warm

Há pessoas que, por algum motivo, sentimos que são impossíveis... Parece que só poderemos tê-las plenamente quando se forem.. Daí ficaremos com seu epitáfio, sua lápide e sentiremos como se pudéssemos ter sua essência para sempre.. Unidos afinal.. Nada, nem ninguém, poderá nos separar...
Mórbido? Talvez..
Creio mesmo que tenho um pouco de romantismo mórbido, sei lá...
Mas a vida é algo tão complicado, nos prega tantas peças, nos coloca em labirintos, nos põe em armadilhas, nos tira de caminhos convergentes, nos leva por direções tão distintas, que terminamos ficando impotentes diante de certas situações...... E às vezes nos resta criar nossa própria forma de "encontro".
Creio que ninguém vai entender nada do que foi escrito..
Não importa.. Não faz mal..
Valeu como desabafo..

Bjo.

Música: I am stretched on your grave do DCD.

Toward the within


Dead Can Dance Posted by Hello

Esse cd é uma obra de arte.. Em todos os sentidos.. Capa, conceito, letras, músicas..
As faixas são essas:
Rakim
Persian Love Song
Desert Song
Yulunga (spirit dance)
Piece For Solo Flute
The Wind That Shakes The Barley
I Am Stretched On Your Grave
I Can See Now
American Dreaming
Cantara
Oman
Song Of The Sibyl
Tristan
Sanvean
Don't Fade Away (Só na edição mais recente)

Veja a letra da Don't fade away, que coisa mais linda.. Uma vez alguém me mandou ela, e até hoje nunca esqueci.. "Don't fade away, my brown-eyed girl, come walk with me.." Sempre que ouço essa música me dá vontade de chorar de tão linda que ela é..

Dead Can Dance - Don't Fade Away

Don't fade away
My brown-eyed girl
Come walk with me
I'll fill your heart with joy

And we'll dance through our isolation
Seeking solace in the wisdom we bestow
Turning thoughts to the here and everafter
Consuming fears in our fiery halos

Say what you mean
Mean what you say
I've heard that innocence
Has led us all astray

But don't let them make you and break you
The world is filled with their broken empty dreams
Silence is their only virtue
Locked away inside their silent screams

But for now
Let us dance away
This starry night
Filled with the glow of fiery stars
And with the dawn
Our sun will rise
Bringing a symphony of bird cries

Don't bring me down now
Let me stay here for awhile

You know life's too short
Let me bathe here in your smile

I'm transcending
The fall from the garden

Goodnight

Bjo.

Música: Don't fade away do Dead Can Dance.

domingo, outubro 17, 2004

Socorro!


Socorro Posted by Hello


Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar, nem pra rir

Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor nem dor
Já não sinto nada

Socorro, alguém me dê um coração
Que esse já não bate nem apanha
Por favor, uma emoção pequena, qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva

Socorro, alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento
Acostamento
Encruzilhada

Socorro, eu já não sinto nada
Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo,
Nem vontade de chorar, nem de rir

Socorro, alguma alma, mesmo que penada,
Me empreste suas penas
Já não sinto amor nem dor
Já não sinto nada

Socorro, alguém me dê um coração
Que esse já não bate nem apanha
Por favor, uma emoção pequena, qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva

Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva

Arnaldo Antunes.

Essa música é de uma profundidade, que chego a achar que não é muito clara para qualquer pessoa... É preciso entender a essência e sentir a mensagem que ela transmite..
Creio que sou uma das pessoas que conseguem captar plenamente a idéia do Arnaldo Antunes..
E como o entendo!!! Ah, como entendo!!

Bjo.

Música: Canzone di Marte do Gatto Marte.

Morte Virtual


Amizade Posted by Hello


Morte virtual

Um belo dia eles somem! Percorremos nossos olhos pelo Outlook e nada!
Onde estão? Aquelas mensagens lindas, alegres e até engraçadas?
Onde foi parar vc, "from"?
Por que se foi? Eu não o deletei! Não bloqueei...
Que motivo lhe dei? Que motivo ele teve?
Começamos a nos consolar com as suposições: o PC está com defeito, teve que formatar, e ai perdeu tudo!
Quem sabe viajou? Ou quem sabe está com a vida corrida? A namorada tá com ciúmes, o marido reclamou?
Mas...E se estiver doente?? Deprimido? Sem grana para pagar a internet?
Com dificuldade de digitar, quem sabe artrite?
Será que roubaram o computador dele?
Onde está nosso amigo virtual? Para onde foi?
Ai vem o pânico...
Onde ele mora? Sei que estava aqui dentro...Cadê?
Mas...Em verdade, ele existe de fato e de direito, tem endereço, CPF, tipo sanguíneo, DNA, telefone, etc...
Pôxa! Por que não peguei o número? Onde vou achá-lo, neste universo imenso da net?
Será que voltará um dia? Ou se foi para sempre?
Aí vem a raiva...
Vou bloquear o e-mail dele! Tá pensando o quê? Que coisa!! Não fiz nada!
É um ingrato!! Nunca me considerou!
Depois vem a mágoa...Ofereci tanto e ... Foi sem nem se despedir. Cadê?
Pois é, gente...Somos impotentes diante da imensidão e do anonimato da net!Temos que acreditar no que se diz aqui, temos que imaginar quem é o outro do outro lado. Ou melhor não imaginar...
Temos que manter os laços de uma fita que não é de seda e sim de chita, escorregadia, bem fina, bem frágil.
Claro que há aqueles que se apresentam e mandam dados.
Temos que confiar, mas e se for um maníaco! Céus!
Será que é quem diz?
Mas em verdade, a maioria, quem é? Onde encontrá-los?
Dentro da fragilidade da pontuação, cada um lê o que quer ou o que lhe parece.
Quantas vezes dizemos olá!!! E leêm Olá!
Temos então que explorar bem o teclado!
Quantas vezes nossas intenções são lidas de maneira diferente, à mercê do humor e da pontuação de quem está do outro lado? Inúmeras, todas!
Já pararam para pensar: Eles vêm e vão de nossas caixas de mensagens, e nós entramos e saímos de suas listas de e-mails.
Quantos morreram e não sabemos?
Quantos digitam piadas com os olhos embaçados de lágrimas! (isso eu fiz tantas vezes ).
Quantos retratos mentirosos... Quantas verdades nas entrelinhas...
Não podemos saber, não vemos de fato.
Mas podemos ter a sensibilidade da sintonia humana; a fé no semelhante, a inocência pretendida; podemos sentir quando se vão, e quando não nos querem mais?
Podemos sim, tratá-los com o respeito que merecem, respondendo a todas as suas perguntas, mandando todas as mensagens, repassando todos os seus créditos, considerando-os do bem.
Para que um dia, quando não estiverem mais aqui, se tenha só saudade, e não mágoa e raiva.
Porque esta é a frágil ligação virtual, às vezes e muitas vezes tão realmente importante para fazer o dia de alguém, melhor.
Mas quando nos deparamos com a realidade de que os fatos são virtualmente frágeis...
E que esses que se foram de nossa telinha podem nunca mais retornar... Conhecemos enfim, a morte virtual.
Para ela só resta o luto de uma simples, mas sincera poesia "in memoriam", por uma perda sentida e virtualmente real...


(Texto de Augusta Melo)


Uma amiga minha que mora nos EUA, Márcia, me mandou esse texto e como achei muito interessante e adequado a muitos casos que realmente acontecem nesse mundo loko da internet, resolvi postar..
Quem nunca passou por uma situação parecida com alguma das citadas acima?? :o)

Bjo.

Música: Somebody that I used to know do Elliot Smith.
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Minha família

My kind of Spirit...


You are the elusive Night Spirit.
Your season is Winter, when the stars are bright and frost crystallizes the fallen leaves.
You are introspective, deep-thinking, and mysterious.
Everyone is intrigued and a little intimidated by you because you have an aura of otherworldliness.
You work in extremes, sometime happy, other times sad, but always creative and philosophical.
You are more concerned with the unseen, mystical, and metaphysical than the real world.
Night Spirits have a tendency to get lost in themselves and must be careful not to forget reality, but their imagination is limitless.