Depois de algumas décadas de vida, cheguei à conclusão que o radicalismo é uma furada.
Reconheço que já fui muito radical, como qualquer adolescente/jovem.
Radicalismo na ideologia. Queria que todo mundo pensasse como eu. Hoje, deixo que pense o que quiser, apenas peço que respeite o que eu penso.
Radicalismo na política. Sempre fui de esquerda. Quem fosse de direita era trouxa. Hoje, apesar de tender para a canhota, já não estou muito certa do que é uma coisa nem outra. E estou me lixando para lados. Quero apenas eleger pessoas honestas e com algum compromisso.
Radicalismo sobre religião. Seguia o ateísmo de meu pai e considerava que quem acreditava em Deus era um tonto. Hoje, penso bem diferente e creio piamente numa força maior que eu. Mas respeito muito os ateus.
Radicalismo na questão do perdão. Se alguém me fazia um mal, guardava mágoa e sofria. Hoje, consigo perdoar quase tudo. Posso até não esquecer do ato em si, porque não tenho amnésia, mas não guardo mágoa de nada nem de ninguém. Afinal, IMHO, não é para mim que ele vai ter que se explicar. Isso confere mais leveza ao viver.
Radicalismo sobre o álcool. Não bebia e achava todo bebum um saco. Há algum tempo, bebo, muito raramente, é verdade, mas não me nego a tomar um drink de vez em quando, a rir muito e a me divertir com isso.
Radicalismo na música. Se a pessoa curtisse pagode ou funk, era babaca e pronto. Poxa, continuo a achar esse tipo de música horrível, mas cada um gosta da música que mais lhe aprouver. Vamos cada um curtir o que quiser, numa boa? E caso curta o mesmo que eu, vamos curtir juntos...
Radicalismo contra fumantes. Fugia de quem fumava e fechava a cara mesmo. Fumar era coisa de gente burra. Hoje fume o que quiser, só não jogue a fumaça na minha cara.
Teimava para convencer as pessoas dos meus gostos. E acreditava que, porque lia bastante, sabia mais que a maioria. Que mancada! Perseguia a perfeição como uma boa virginiana. Ou seja, chata pacar@%&!
Mas tudo isso ocorria quando eu ainda era uma menina. Hoje sou uma mulher.
Comecei a achar isso muito chato e, consequentemente, a não ter muita paciência com quem age assim.
Acho um saco gente que quer saber mais do que todo mundo. Em casos raros, ainda me pego, como uma leoa, defendendo essa liberdade de cada um ser o que é e saber o que quer, mas quase sempre, consigo frear esse impulso e abstrair.
Dos meus radicalismos antigos, acho que só mantenho, conscientemente, a aversão pelo mau caratismo e o que se refere aos animais.
Não gosta de algo? Ok. Não precisa fingir para agradar. Afaste-se e pronto! Simples assim.
E entendo quem não cria um animal por este ou aquele motivo, mas repudio quem assume que não gosta de animais ou que os maltrata.
Concordo com o Schopenhauer quando une as duas coisas numa frase:
"A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de caráter, e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem."
Esses radicalismos acho que vai me acompanhar até a morte.
Porque ninguém é perfeito.
2 comentários:
adorei o blog e o post,e penso da mesma forma!!!!
Obrigada pela visita e pelas palavras.
Volte sempre.
Bjo,
Claudia Pinelli.
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