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Ontem foi 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, dia que apesar de ser notoriamente simbólico, representa pelo menos a lembrança do dia da morte de Zumbi dos Palmares, data que deveria ser bastante emblemática não só para a história dos negros, mas também para essa história mascarada do Brasil, por se tratar de um homem que, ao resistir, morreu por uma causa.
Todos nós, afro-descendentes ou não, precisamos conhecer a verdade ocorrida no Brasil para saber identificar os verdadeiros culpados de tantas atrocidades que maculam nossa história real e nos acompanham até os dias de hoje.
Creio eu que não tenho nada de negro em minha genética, mas tenho a nítida sensação de que fui negra em outra encarnação. Isso fui, com certeza! O que eu sinto quando ouço Clara Nunes cantar e o som dos clarins dos Filhos de Gandhi ecoar é algo transcendental, inexplicável. É como se eu sentisse naquele momento uma ligação, uma conexão, uma sintonia com algo atávico, algo de bem longe que eu sei que conheço, mas não sei bem o que é. Atotô, Obaluaiê!
Entretanto, um dia tão importante pelo seu valor simbólico, foi um dia muito triste para mim. Ontem, foi um dia péssimo pessoalmente. Dia 08 de novembro, adotei um cãozinho, que passei a chamar de Ozzy. Ele, de acordo com uma veterinária de uma faculdade daqui da Bahia, tinha sido retirado de uma casa em que sofria maus-tratos terríveis, e eu, ao bater os olhos nele, percebi que não poderia me omitir. Adotei Ozzy e não só isso, me apaixonei pelo trocinho. Passaram-se quase quinze dias e eu cada vez mais apaixonada.
Ontem, às 9 horas da manhã, minha mãe chega ao meu quarto e, apavorada, diz que a veterinária estava lá embaixo, na sala, me esperando. Eu desci sem entender nada. Ela começou tentando me explicar que tinha havido um engano. Um engano? Como assim?
Disse que na verdade, Fumaça (este era o nome verdadeiro de Ozzy) estava na casa de um rapaz - onde ocorriam os maus-tratos (ficava num beco, sem cobertura, sem água nem comida, e estava infestado de carrapatos. Eu e minha mãe, mesmo depois de termos levado o Ozzy a uma Pet shop para tosar e tomar banho, ainda tiramos dele uns mil carrapatos); mas que, de fato, não pertencia a ele, e sim a um casal que, por motivo de viagem, precisou deixá-lo uns dias com esta pessoa. E este casal agora (depois de quinze dias!) estava querendo processar a tal veterinária por roubo do cão. Ela tinha vindo até minha casa para buscá-lo, pois os donos queriam o cachorro de volta de qualquer jeito e ainda faziam ameaças.
Não podia acreditar naquela cena patética...
O pior de tudo foi quando, de repente, ela saca um talão de cheques de dentro da bolsa e me pergunta quanto tinha sido meu prejuízo, pois ela me ressarciria. Oi?
Quanta insensibilidade vinda de uma profissional da saúde, uma veterinária! Ela não percebia que o que rolava ali estava bem longe de dinheiro, lucro, prejuízo, etc.?
Até Mila, minha cadelinha, ciumentíssima, já estava se acostumando com o jeitão atrapalhado do Ozzy. Digo atrapalhado, pois antes, sempre que alguém chegava da rua, Mila, que reinava absoluta, vinha sozinha para a porta fazer festa. Agora, Ozzy partia lá da cozinha, e sem cerimônia alguma, dava um empurrão em Mila que rolava de lado para que ele pudesse aparecer. Uma graça! Ele tinha conseguido conquistar minha família inteira! Isso não tem preço.
E neste exato momento, eu que estava inchada de raiva, me deixei explodir de vez. Respondi que se tinha havido algum prejuízo, seria a falta que Ozzy iria nos fazer. E que o que eu gastei com caminha, coleira, roupinhas, ração, vacinas, tosa, banho etc. não tinha sido por causa dela, mas simplesmente por ele. E que ela não me devia nada, uma vez que tinha tudo sido um presente que Ozzy (ou Fumaça) levaria com ele.
Pedi que ela se retirasse.
Pronto. Desabei. Não tive forças para mais nada durante o dia. Não almocei, não fui trabalhar. Só chorava. Lembrava da coisa fofa, educada, brincalhona que só me trouxe felicidade nesses poucos dias em que esteve comigo. (sabe quando você olha ao redor, vê aquela paisagem: seu marido, seus animais, sente uma sensação de alegria irradiar de dentro do seu íntimo e então pensa: "se existe felicidade, tem essa cara!" ?)
O meu maior medo é uma recaída. Estou tentando, com a ajuda de meu marido e de minha mãe, segurar essa barra e não deixar me abater ao ponto de ficar doente de novo.
Peço desculpas por não ter tido ânimo de escrever algo mais decente sobre esse dia.
Por enquanto, e com a dor que estou sentindo, é só o que dá para fazer.
"Fique de vez em quando só,
Até o amor excessivo
Clarice Lispector
3 comentários:
oh Claudia ... que chato.
Será que não dava para denunciar à sociedade Protetora dos animais, os maus tratos que esse cão sofre?
fique bem...
bjs
;-)
Claudinha, o Cantábile vai dar um tempo. Não excluí o blog totalmente , ele está só bloqueado para ter a chance de retornar em breve.
beijo
oi!
ainda triste?
espero que vc esteja bem menina!
beijo
;-)
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