Logo eu que costumava ser desconfiada, mantendo sempre o pé atrás...
Logo eu que afirmava que a direita era podre e que a mudança viria com a esquerda no poder...
Logo eu que sempre tive fé que a educação um dia seria prioridade...
Logo eu que sonhava com menos violência e mais igualdade...
Logo eu que insistia em acreditar...
Logo eu que ainda resistia...
Logo eu que...
Logo eu...
Eu estou extremamente decepcionada, frustrada, perplexa, triste mesmo com tudo o que está acontecendo no país. Estou me sentindo como uma idiota, bancando a palhaça num circo de horrores que não quero para mim. Não que a elite ("direita") que governava o país antes não continue a mesma podridão, em meu humilde conceito... E na verdade, nem deveria falar em traição, decepção, porque nada disso existiu, o que existiu mesmo foi excesso de expectativa no dito "novo", na suposta mudança. Mas creio que me excedi e muito.
A minha confiança neste "novo" foi mantida pela esperança de que tudo não passava de uma grande intriga da oposição e que a situação nunca poderia ficar pior do que costumava ser antes. Não que antes fosse bom. Só acreditei, o tempo que pude, que seria diferente, melhor mesmo! E não foi fácil, demorou um pouco até que eu chegasse à conclusão de que estava cega. Paguei de inocente babaca, coisa que não costumo ser, nessa história vergonhosa.
Mea culpa!
As coisas só foram descendo ladeira abaixo, e eu até diria que já chegaram ao seu limite de tolerância. No Brasil, fatos inacreditáveis ocorrem todos os dias e nada acontece com seus atores. O crime não está restrito às classes mais pobres como alguns querem fazer crer. O crime, no Brasil, é um câncer que se alastra por todos os lados.
E enquanto isso, nas esquinas, nas sinaleiras, crianças e jovens pobres esquecidos assaltam e matam todo dia, toda hora, em busca de seu único momento de visibilidade. Quem é a vítima? O povo.
No congresso, políticos corruptos, desonestos safados, ladrões, salvo raríssimas exceções, os tais famosos criminosos do colarinho branco não medem esforços para se locupletarem e se mostram completamente amorais, desprovidos de qualquer noção do que sejam valores éticos. E aqui, quem é a vítima? Mais uma vez, o povo.
Agora um novo tipo de câncer vem crescendo no país da impunidade, os crimes cometidos por garotinhos ricos, filhinhos de papai, ou de donos de grandes organizações, que acham que podem matar, espancar, tocar fogo, agredir quem eles acham inferiores, simplesmente porque têm a certeza de que estão imunes às garras da lei, num país em que o dinheiro compra tudo, inclusive a justiça. Mais uma vez, o povo complacente é o alvo das "brincadeiras" desses imbecis.
Enfim, um total descontrole por parte da família (pais sem noção de moral não podem transmitir isso aos filhos), falta de sentimentos éticos, e a evidente crença na impunidade, essas são algumas causas da barbárie que se instalou no país. Pobres, congressistas ou riquinhos, todos participam dessa ciranda insana, porque no Brasil, o crime é democrático. O problema é que ninguém é punido. Aliás, quase ninguém, pois só o pobre é punido. De várias formas. Exemplarmente.
Como disse mais acima, a anarquia, a desordem, a criminalidade e o descaso do governo pelas coisas essenciais, como saúde, educação e segurança chegaram ao seu limite por aqui.
Com todos esse fatos desanimadores, começo a ter pensamentos muito deprimentes para uma pessoa da minha idade. Penso que a esperança acabou de morrer, o Brasil não tem mais saída e é um país de merda sim e ponto final. Afinal, o número de pessoas sacanas, desonestas, sem caráter por metro quadrado já autoriza o Brasil a ser chamado de "O país dos corruptos".
Não quero ser lembrada como a otária que terá que votar num new bastard sem ética, porque não tem mais em quem votar. Já penso em votar nulo nas próximas eleições. Penso até em sair do país. Buscar um lugar em que eu possa ser respeitada como pessoa, como cidadã. Um lugar em que possa me desenvolver sem medo de sair de casa, andar na rua, com a certeza de que terei saúde e educação gratuitas como contrapartida de meus impostos.
Por isso, para mim basta!
Pessoas estão num eterno penar
Abaixo essa política nefasta!
Que só faz oprimir e enganar
Calibrem suas vozes, amigos
Pois agora é a hora de protestar
Às vezes penso se seria a saída uma revolução.
Não sei responder.
Outras vezes, penso se seria uma bomba a solução.
Não quero responder.
Desisto de continuar vivendo assim...
Por favor, *parem o mundo que eu quero descer!
* Aproveito para lembrar do grande roqueiro Raul Seixas, baiano, que fez aniversário ontem, 28 de junho, data que virou Dia Municipal do Rock (yeahh!!), aqui em Soterópolis e de quem "roubei a frase final do meu poema.
Bjo.
Poemas e texto: Claudia Pinelli Fernandes®
Música: