Estou numa fase iluminada de minha vida.
Começo a me me recuperar, de alguma forma e na medida do possível, da dor dilacerante do desencarne de minha mãe.
Saí da sala de aula e agora estou trabalhando ainda com Educação, mas no setor jurídico, isto é, atuando na Sindicância e Processo Administrativo Disciplinar na Secretaria de Educação. Está sendo uma surpresa boa, pois apesar de nunca ter me seduzido pelo Direito Administrativo, estou gostando muito de trabalhar nessa área. Delegada feelings, talvez.
Cidade nova, casa nova, trabalho novo, pessoas novas, amigos novos, costumes novos. Vida nova, afinal. E assim como é visível tudo de bom que vem junto com o novo, também fica latente tudo de mais aterrorizante que é intrínseco às novidades que aparecem na nossa vida.
A partir de uma mudança tão radical como essa, passo a confirmar que nada é só bom, ou só mau. Essa visão maniqueísta está totalmente ultrapassada. Tudo pode ter um lado bom E um lado mau.
A cidade não tem um "Bompreço", um cinema, facilidades de cidade grande, mas, em compensação, não existe engarrafamento.
Minha casa aqui não é perto da praia (e quem se importa), mas tem uma vista para uma cordilheira deslumbrante.
Meu trabalho não me dá algumas vantagens como antes, mas trabalho com ar condicionado, tenho minha própria sala, mesa e PC com Internet.
No dia em que trabalho à tarde também, almoço em casa e ainda cochilo! Nunca fiz isso antes. Devo dizer que isso é um luxo para poucos.
Os costumes são completamente diferentes. O ritmo é outro. Tudo aqui é em câmera lenta. E na primeira semana, TODOS já sabiam quem éramos, de onde viéramos e o que faríamos na cidade! Eu fiquei chocada com isso. Mas se o Homem não for capaz de se adaptar às diferenças, qual é a graça?
Porém em um aspeto, na verdade amalgamado com o citado anteriormente, pois costumes são originados de pessoas, isso mostra a teoria comentada de uma forma assaz contundente. As pessoas daqui conseguem ser hospitaleiras, prestativas e ao mesmo tempo mal educadas, grossas, fofoqueiras, de honestidade um pouco duvidosa até, e para piorar, levam qualquer comentário sobre qualquer coisa sempre para o lado pessoal (isso me deixa irritada!).
Partindo daí, quando tenho que trabalhar redigindo documentos, peças ou outras coisas, sozinha, está tudo bem. Quando preciso lidar com algumas dessas figuras, e algumas bem difíceis, fico inevitavelmente estressada. Não gosto de ter que me explicar a cada comentário meu mostrando que nada é pessoal, mas em tese. Chato demais.
Mas como disse acima, nada é bom Ou mau. Tudo tem, no mínimo, dois lados. Essa característica, por exemplo, ao mesmo tempo que me irrita, me fez aprender a lidar com um tipo de gente com o qual não estava acostumada. E isso é, de fato, um belo aprendizado.
Portanto, se me pedissem para fazer um balanço da minha nova vida, diria, sem medo, que as vantagens sobrepõem as desvantagens, com certeza.
Ainda bem.
Porque se assim não o fosse, já estaria planejando a minha volta retumbante.
P.S. Só para lembrar, toda essa teoria está baseada em dados de amostragem, pois não tem como generalizar.