Louco, eu?
O LOUCO
Perguntais-me como me tornei louco.
Aconteceu assim: um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas — as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas — e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente, gritando: "Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.
E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: "É um louco!". Olhei para cima, pra vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua. Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras.
E, como num transe, gritei: "Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!"
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade quanto segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele desigual que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.
Kahlil Gibran
Precisaria falar alguma coisa mais???? Claro q não. O próprio escritor já disse tudo..
Não estou muito fluente com as palavras ultimamente, mas só um adendo..
Os piores tipos de escravidão são a mental e a moral...
O que temos dentro de nossas mentes é só nosso... Só cedemos a quem queremos...
A outra é tornar imoral coisas simples da vida.. Coisas lindas e naturais como o sexo...
São formas de nos tornar escravos. Ou pela posse de nossas idéias ou pela "imoralização" de coisas totalmente normais..
A solidão nos torna livres de certa forma... Concordo..
E o fato de não sermos totalmente compreendidos nos dá uma segurança sim...
Esse texto é enigmático, mas diz muito..
É isso...
Clara como uma caverna..rs....
Bjo.
Música: Cousteau - Your day will come.
3 comentários:
Deusa Egípcia minhas considerações e os meus louvores. Incrível o que está acontecendo no nível interno. Neste momento não sei dizer quem de nós dois é o Farol. Sei dizer, com toda segurança que meu Eu superior me autoriza, que o contato com a sua inteligência tem aflorado em mim uma necessidade imensa de refletir a minha vida, utilizar da minha lanterna pessoal para vasculhar os meus redutos mais protegidos, as minhas cavernas tão claras porque escuras. Este texto do Kahlil Gibram me remete a uma conversa que tivemos sobre os papeis de cada um e da saída do casulo. Cada máscara uma vida e na última a iluminação que rouba vícios mas recompensa pela visão da Luz ativada pela criança Eu. A genialidade do autor, denunciada pelo efeito rotatório do texto, nos leva a pensar muito na questão da individualidade. Penso o quanto seria solitária a ascenção dado que ela é INDIVIDUAL e me pergunto: Será que estou pronto?
Aproveito para lhe agradecer, mais uma vez por provocar esta reviravolta em meu interior e por estar de volta.
Muito Obrigado!
Olá Cláudia!!
Eu te fiz lembrar desse texto do Gilbran!!
e lendo ele novamente me lembre de algo...
"Eterna é a essência do teu ser, e para encontra-lá precisas abdicar da auto-imagem, tua transitória aparência"
ontem mesmo estavamos falando de algo parecido com isso, encontre a Eterna essência do teu ser e serás julgadas louca, e poucos seram ou talvez nenhum tera o poder te aprissionar alguma coisa em vc!!
bjão !!
Cássio
Adoro os textos do Kahlil Gibram, esse outro trecho vc conhece?
" Meu Amigo, não sou o que pareço. O que pareço é apenas uma vestimenta cuidadosamente tecida, que me protege de tuas perguntas e te protege da minha negligência."
lindo né?
bjos
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