POLÍTICA
Stephen Kanitz: "Os malefícios do alarmismo"
Jornal do Brasil - Desde setembro, quando a percepção de que a economia americana entraria em colapso começou a ganhar corpo, assistimos a uma avalanche de notícias e análises econômicas marcadas por um tom alarmista. O pânico que tomou conta da imprensa, no entanto, não lhe permite dar o devido destaque a uma série de fatos positivos da economia brasileira. Temos sim, alguns problemas localizados em exportação e habitação, em parte causados por nós mesmos. Mas mesmo estes estão sob controle, o que não ocorre nos Estados Unidos.
O termo "crise" é definido como um acúmulo de problemas simultâneos que nos impede de raciocinar. Por exemplo, quando passamos por uma crise de nervos e surgem tantos problemas que mal conseguimos parar para pensar: damos voltas como baratas tontas. Normalmente, diante de um quadro desses se pede calma e sangue frio para poder identificar os problemas e estabelecer prioridades.
Crises globais ocorrem, por sua vez, quando países têm tantos problemas que não conseguem administrá-los. É o que ocorre hoje nos Estados Unidos, onde os dirigentes, economistas e banqueiros estão dando voltas como baratas tontas. Nos Estados Unidos, ainda não se sabe o tamanho do problema. Definitivamente, isso não é o que ocorre no Brasil. Muito pelo contrário: identificamos nossos problemas a tempo, implementamos soluções imediatas. Nossa contabilidade é extremamente veloz. Por exemplo, o caso da indústria de automóveis, quando identificamos a queda nas vendas, fizemos a isenção do IPI e a produção em janeiro aumentou 92%: fim da crise no setor.
Os dados estão aí: não temos subprime, bancos falindo, cartões de crédito estourando, CDOS e CDS despencando. Por isso, acredito que usar o termo “crise”, no Brasil, é uma irresponsabilidade social muito séria.
Daqui para frente, quem usar a expressão "crise global" comete outro erro. Não é global, justamente porque o Brasil não está em crise. Lula estava certo quando disse que tudo não passaria de uma marola e que tiraríamos de letra. Tanto é que a Bovespa já subiu 40% depois da chegada da "crise".
O governo Obama é que já dá sinais de andar feito barata tonta, sem saber o que fazer. E Ben Bernanke, mais ainda. O principal problema de Bernanke foi não conhecer a fundo como operava o Lehman Brothers.
Os americanos estão atolados em dívidas pessoais, 200% do PIB. Queiram ou não, eles vão reduzir o consumo em 2009 , 2010 e 2011, porque consumiram demais de 2000 a 2008. Vão poupar, o que reduz o consumo, para pagar suas dívidas, o que melhora a situação financeira deste países. Repito: achar que o Brasil está na mesma situação é irresponsabilidade. Eles estão em crise financeira, nós não estamos nem perto disso.
Nosso governo está fazendo tudo com rapidez, transmitindo confiança, ajudando pontualmente quem precisa. Isso porque não temos uma crise generalizada que nos impeça de raciocinar e priorizar as ações necessárias. Já estamos a caminho de uma rápida recuperação.
*Stephen Kanitz é mestre em Administração de Empresas pela Harvard University, e escreve no blog O Brasil Que Dá Certo
Bom saber.
Claudia.
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