Foto da Banda Stancia
Natal é uma época um pouco complicada e paradoxal. Sinto uma felicidade imensa dentro de mim, nem sei bem por quê, só sei que fico diferente, mais alegre, e ao mesmo tempo me dá calafrios de tristeza quando penso nas pessoas que não têm nada para comemorar.
O paradoxo não fica só dentro de mim, não se encerra nos meus sentimentos. Mostra-se também na confusão que as pessoas fazem com o real significado da data. O Natal simboliza o nascimento de Jesus Cristo. Deveria ser, portanto, uma época de se tomar atitudes pelo menos parecidas com as tomadas pelo aniversariante. E pelo que eu sei, o cara era humilde, bondoso, fraterno, solidário e acima de tudo, um democrata.
Logo, deve haver algo errado aí. Pois no Natal parece que tudo isso desaparece. Os ricos se esbaldam em ceias nababescas, nada humildes. As crianças abastadas ganham presentes caros, as pobres quase sempre não ganham nada, num exemplo clássico de anti-democracia. Enfim, todos os valores defendidos pelo Cristo, como se já não bastassem ser esquecidos durante o ano inteiro, acabam sendo transgredidos justamente no dia de seu aniversário.
Dessa forma, só se pode chegar a uma conclusão: o Natal deveria ser uma data para se pensar, refletir, e mais que isso, uma data catalisadora de mudanças e transformações internas, mas ao contrário, ela vem sendo cada vez mais deturpada por nós. Vem sendo confundida com uma época de comer, comprar, gastar dinheiro, consumir, consumir... E continuar sendo apenas você, sem se preocupar com o outro ao seu lado.
Digo isso, porque quando estava indo trocar presentes(como isso soa fútil) e comemorar "nababescamente" com minha família na casa de minha mãe, passei por famílias inteiras dormindo ao relento. Mais uma vez me perguntei se aquilo era justo.. E como sempre não tive resposta.
Mudando de assunto, porque isso aqui está ficando muito triste... E não é essa a idéia..
Dia 23 de dezembro, um dia antes do dia em que comemoramos o Nascimento do Homem, rolou em Salvador, no Rock in Rio, o show da banda King Cobra.
Junto com eles, mais três bandas se apresentaram. A Abre-te Sésamo, fazendo um quase tributo a Raul, misturado com clássicos setentistas, logo depois uma banda muito legal chamada Stancia, com músicos bons, repertório próprio, e muita personalidade no palco. E a terceira banda, a Anacê, esta um pouco menos vigorosa, com vocais um pouco cansativos e músicas que não animaram a galera. E por fim, a atração da noite: a King Cobra.
Aquele show poderia ser o prenúncio de que o Natal seria menos triste.
O Rock and Roll se manifestou ali, naquele momento, para um público não tão grande de fiéis seguidores da banda. E para mim, viajando lá na platéia, enquanto fotografava, uma coisa ficou bem clara... Rock'n'roll é união, é amizade, é curtição, é fraternidade, é comunhão, é alegria. E percebi que na realidade, exatamente no lugar onde as pessoas pensam que há violência, drogas, brigas etc, é onde aqueles valores difundidos por JC estão mais vivos e sendo praticados de verdade. Essa vida é uma onda mesmo...
Mas vamos ao show...
Entra em cena a King Cobra... Jorginho, com seus vocais viscerais e vindos do fundo da alma(mesmo que essa alma estivesse um pouco alcoolizada, claro ), traduzia o que seria um frontman. Presença marcante no palco, carisma, inacreditável entrosamento com o público e um bom humor que a mim agrada demais. A bateria do Kayrhu Pontel e o baixo de Eduardo Rios fazendo a cozinha perfeita, com tudo o que uma banda de rock deve ter. A guitarra de Oyama super correta, trazendo todo o feeling necessário e fazendo um acompanhamento de primeira. A canja de Martin também deu um toque bem "roquenrou" à festa. E por fim, o teclado de Cris funcionando como um acabamento mais que luxuoso para um grupo de músicos que se entendem e se completam como poucos.
Enfim, para uma pergunta, eu felizmente tenho a resposta:
Qual a melhor banda de rock de Salvador??
Sem dúvida alguma, a King Cobra.
E tenho dito.
Bjo.
Música: Fool for your loving do Whitesnake.