O dia D - Martha Medeiros
Na última semana, comemoraram-se 60 anos do desembarque dos aliados nas praias da Normandia, uma operação militar que foi decisiva para o final da II Guerra Mundial. O 6 de junho de 1944 passou a ser conhecido como o Dia D, e a partir daí passamos a utilizar essa expressão no nosso cotidiano, para determinar nossos próprios dias decisivos.
A escritora Isabel Allende elegeu o 9 de janeiro como seu dia D profissional. É quando ela costuma iniciar seus romances. Todo novo livro dela começa a ser escrito neste dia.
Para os Estados Unidos, o dia D foi 11 de setembro de 2001, quando a inocência foi perdida e uma nova guerra declarada.
De projetos pessoais, como um livro, a fatos cruciais da história mundial, como o atentado terrorista às torres do World Trade Center, há sempre um dia marcante que faz as coisas mudarem de rumo.
Cada um de nós já teve seus dias D. O dia em que admitiu estar apaixonado, rendeu-se ao grande amor, e a partir dali a vida nunca mais foi a mesma. O dia em que conseguiu o primeiro emprego e a partir de então iniciou o caminho para a independência financeira. O dia em que deu adeus à família e foi viver em outro país, inaugurando uma nova etapa da vida. O dia em que reuniu coragem suficiente para dizer que queria se separar. O dia em que abandonou um curso universitário pela metade para estudar outra coisa. O dia em que retirou todo o dinheiro da poupança para realizar um sonho. O dia em que saiu do armário e assumiu publicamente sua opção sexual. O dia em que pediu demissão de um cargo executivo para abrir um restaurantezinho na beira da praia.
São dias que não só guardamos na memória, mas também assinalamos no calendário, são uma espécie de aniversário também, pois a cada tomada de decisão - decisões importantes - a gente renasce de novo, é um outro parto. Não são dias aleatórios, dias em que o destino preparou uma surpresa. Não. São dias escolhidos. Dias que foram planejados com antecedência. Dias que separam o passado do futuro. A gente até recorda como tudo era antes desta data, e sente até uma certa nostalgia, mas parece que foi em outra vida, tão distante está da nossa vida como ela é agora.
Também temos nossas próprias guerras pra vencer, ora.
Adoro Martha Medeiros.. Seus textos são sempre brilhantes.
Bjo.
Música: Lenny do Stevie Ray Vaughan.
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