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Comecei a escrever no momento em que percebi que só pensar não mais me satisfazia.

Precisava transbordar todo aquele pensamento que só ao meu universo de idéias pertencia.

Hoje, escrevo por pura necessidade, por irresistível vício e por agradável teimosia.




Claudia Pinelli Rêgo Fernandes ®



terça-feira, março 20, 2007

Onde estão as mulheres interessantes?






Onde estão as mulheres interessantes? - Lula Miranda


Calma! Como diria meu pai: “acalmai o vosso furor para não despertar o nosso” (o dele, é claro, ele queria dizer). Ok, tudo bem, vamos lá, reafirmemos que, cliente que é, o leitor tem sempre razão. Então, em atenção a você, leitor exigente, consideremos que esse qualificativo (“interessante”) presente aí no título desse texto, fica, digamos, um tanto vago, amplo, abrangente e pouca coisa define. Vamos tentar então “esquadrinhar” melhor esse conceito, procurando qualificar e definir um pouco melhor as coisas, os termos. Mas sem privar vocês, leitores, claro, do sabor daquela deliciosa e prazerosa “colher” (o utensílio, não o verbo): há que se possibilitar ao leitor o gostinho de colocar, aqui nesse despretensioso jogo de palavras e idéias, as suas próprias definições e interpretações. Não é mesmo?


Então, vamos lá. As mulheres interessantes, às quais me reporto aqui, são aquelas mulheres inteligentes, espertas, cultas, aquelas que não estão aqui nesse mundo somente a passeio. Aquelas mulheres que adquiriram um inestimável conhecimento:
conhecimento das grandes obras da literatura e do pensamento, mas, e principalmente, também o conhecimento da vida, do mundo e dos homens, dos seres humanos. Aquelas mulheres instigantes, que conquistam e seduzem não porque são “popozudas” (arg! desculpem a utilização desse termo tão chulo e tão pobre) ou têm um rosto e um sorriso bonitinhos, mas porque conquistam e seduzem pelo brilho da sua inteligência, do seu talento, pelo carisma, pelas palavras, pelo saber. Entendem assim?


Obviamente que não estou falando dessas menininhas que estão aí em evidência na mídia, nas colunas sociais, as tais “celebridades”. Nem precisa citar nomes, todo mundo sabe quem são. São sempre bonitas pra chuchu e, também, sempre (sempre sim, sem exceção) vazias. Trocam de namorado como quem troca de roupa íntima. São íntimas dos poderosos e, curiosamente ou não, são as namoradinhas prediletas dos filhos da burguesia (conforme já lhes disse em uma crônica anterior). Sim, são fúteis, ocas, cambaleiam por aí de manchete em manchete, de uma revista de mexerico a outra, embriagadas pela vaidade, pelo “poder”, pelo álcool (seja o álcool de um bom champanhe ou mesmo da cerveja ordinária que patrocina tantas bocas-livres e camarotes de carnavais Brasil afora) ou pelo êxtase (a droga da ocasião, que fique claro). Cá para nós, que papelão que fazem essas mulheres, não!?


Indo de um pólo a outro da pirâmide, e da questão, tampouco estou aqui me referindo às mulheres do proletariado, aquelas que seguram a barra de famílias degradadas pela miséria e pelo desemprego. Aquelas que, arrimo de família, suportam seus homens rudes, violentos, quase sempre subempregados ou desempregados, depauperados pelo sofrimento ou pelo alcoolismo (pois também sem a “cachaça ninguém segura esse rojão”). Não, não me refiro a essas mulheres. Essas mulheres devem, sim, ser respeitadas e glorificadas, mas não é exatamente a essas mulheres que o cronista atribui aqui o adjetivo “interessante”. Essas mulheres, pobres mulheres, estão preocupadas pura e simplesmente com a sobrevivência. Mais com a sobrevivência da família do que com a delas próprias, diga-se.


O que interrogo aqui nessa minha crônica, repito, é: onde terão ido parar as mulheres interessantes, as mulheres instigantes? As mulheres que realmente conquistaram seu espaço na sociedade, e não no “espetáculo” pura e simplesmente. Sim, refiro-me não só às “adoráveis cortesãs” (veja crônica), mas também às mulheres que, sem deixar de serem boas amantes, sem deixar de estarem abertas para o amor, para a vida, conquistaram seu espaço no chamado “mercado de trabalho” (ô expressão desgraçada essa!) sem se embrutecer ou masculinizar. Mulheres que, sim (por que não?), “escolheram” o casamento, ou escolheram “tão-somente” viver ao lado de um companheiro e que tiveram filhos, ou não, e, se os tiveram, educaram-nos na forma mais condigna possível, buscando o tão difícil, desejável e necessário equilíbrio entre “a mãe” e “a profissional”. Não precisa (nem poderia!) ser nenhuma “mulher-maravilha”. Apenas uma mulher que não abrisse mão da vida em nome de uma suposta “vida” . Entendem-me assim?


Onde andarão essas mulheres? Sim, elas existem por aí, estou certo. Mas estão tão caladas, tão sumidas...


Não falo de certas feministas empedernidas, caricaturais, óbvias (estas não se confundem jamais com as precursoras do feminismo e com as grandes feministas). Também, feminismo já é hoje uma “agenda” tão antiga, tão ultrapassada. Não falo das escritoras de textos singelos e açucarados, que vivem a exaltar os próprios filhos e ou a maternidade, a supostamente sagrada maternidade. Será que a maternidade é sempre sagrada? Será?


Não falo das leitoras de revistas (Nova, Cláudia, Capricho, Contigo etc.) que, no jargão publicitário, são “revistas para o público feminino”. Não falo das apresentadoras de programas de auditório, tão vazias, bonitas e... ordinárias, não falo tampouco das suas “macacas de auditório”. Nem das “socialites”, certas mulheres de ministros e empresários, que com suas “ações sociais”, em alguns dias do ano e sob os holofotes da mídia, sobem os morros e visitam favelas para levar um pouco de rosas, “carinho” e “caridade” aos “desafortunados”. Chega de mulheres que, pequenas, se dobram ante a “autoridade” do homem ou que, casamenteiras, ajoelham-se aos pés de Santo Antônio num dia qualquer do mês de junho! Chega de modelos “bonitinhas”, mas “burrinhas”! Chega de apresentadoras de TV, “jornalistas” que não têm nada a dizer! Chega!


Onde estão as grandes escritoras, as grandes intelectuais, as grandes pensadoras, as grandes estadistas, as grandes qualquer coisa? Onde estão as grandes mulheres? Onde?


“E por onde andarão os homens interessantes!?” – perguntariam algumas leitoras numa tentativa de dar o troco. É verdade... Tá cheio de homem por aí que “experimenta!, experimenta!” as mais diversas marcas de cerveja, com suas panças indecentes, seus bermudões folgazões, seus chinelos Rider, seu papo sobre futebol, futebol, futebol e ... mulher. Ah, essa questão aí, caros leitores, cabe às mulheres reclamarem. Eu já fiz o papel que me cabia. O meu recado tá dado.




Gosto muito do Lula Miranda...
Mas a foto é só de sacanagem.. :o)






Bjo.





Música: Who we are do Camel.

6 comentários:

Ricardo Rayol disse...

Claudia, teu texto bem poderia ter sido postado no Dia da Mulher. Seria uma bofetada naquelas mulheres que publicaram textos fofuxos e superficiais. Você faz realmente enxergar que a mulher não deveria vir aqui só a passeio. E as mulheres interessantes estão em todos os lugares, procurando bem se acha, com coração aberto sem dúvida.

Fugu disse...

Claudia, talvez eu seja muito menos exigente do que você, ou muito mais tolerante (a idade faz dessas coisas com a gente .. rsrs) Mas conheço dezenas de mulheres interessantes (e homens também). Algumas delas são cientistas, escritoras, faxineiras, dançarinas. Outras são socialaites, atrizes e até mesmo modeletes. E também conheço dezenas de jornalistas, escritoras, socialaites, etc, simplesmente chatas ou vazias. Algumas são lindas, outras foram feitas em forminha de cozinhar capeta. Algumas são engraçadas, outras azedas. Enfim, eu gosto de gente!
beijo você
(e adorei a foto feliz!)

Ricardo Rayol disse...

Eu que agradeço suas palavras gentis. Mas cuidado com o que desejas pois pode ser atendida rs.

Anônimo disse...

Eu sei onde encontrar algumas, mas não dar a dica para o Lula de jeito nenhum. :-)
Concorrência é concorrência.

Ricardo Rayol disse...

Desculpe-me claudia, quis ser enigmático kkkk é que você comentou algo do tipo procura a loucura não a insanidade em um de meus poemas.. só fiz uma bincadeira :-)

laranja disse...

também quero saber, preciso de uma mulher dessas urgentemente por questões de esperança, pois não encontro nenhuma que seja realmente diferente da norma.

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Minha família

My kind of Spirit...


You are the elusive Night Spirit.
Your season is Winter, when the stars are bright and frost crystallizes the fallen leaves.
You are introspective, deep-thinking, and mysterious.
Everyone is intrigued and a little intimidated by you because you have an aura of otherworldliness.
You work in extremes, sometime happy, other times sad, but always creative and philosophical.
You are more concerned with the unseen, mystical, and metaphysical than the real world.
Night Spirits have a tendency to get lost in themselves and must be careful not to forget reality, but their imagination is limitless.